Desde pequena adoro bichos de pelúcia. Mesmo depois de
casada, ainda guardo eles (a maioria, alguns se perderam nas mudanças que minha
família fez).
Mas teve um em especial que nunca esqueci: o Perinha, que
ganhei do meu pai, quando eu tinha lá pelos 10 anos. Era uma perinha de pelúcia,
verde, de talo marrom, com dois olhos. Numa das arrumações que a minha mãe
sempre fazia no meu quarto, arrumações estas em que ela tirava tudo do lugar e
guardava conforme ela achava que tinha que ser, ela colocou o Perinha dentro de
uma caixa de papelão grande, junto com os outros ursinhos que eu tinha, em cima
do guarda-roupa.
Num dia de manhã, resolvi arrumar minhas coisas no quarto, e
peguei a caixa onde estavam os ursinhos. Abri-a, e tirei os ursinhos, um a um:
todos estavam lá, menos o Perinha. Perguntei à empregada lá de casa se ela
tinha o tinha visto, ou mexido na caixa recentemente. Ela falou que não, e foi
comigo até o quarto para encontrá-lo.
Reviramos o quarto todo, e nada do Perinha aparecer. Na hora
do almoço, questionei a minha mãe sobre ele, falando que ele tinha sumido. Ela
disse que não tinha mexido na caixa, que não sabia dele e me mandou esquecer o
sumiço dele.
Meses depois, num final de semana que passei na casa da
empregada, acompanhando-a na visita à sobrinha dela que tinha dois ou três meses
vida, encontro o Perinha. Ele estava na estante da sala da cunhada da
empregada.
Na hora fiquei quieta, dei um falso sorriso e deixei o final
de semana acabar. Quando retornei para casa, contei à minha mãe que o tinha
encontrado, e acusei-a de ter dado ele, sem a minha autorização, para os
outros. Ela simplesmente justificou que precisava de um presente para dar pra
bebê (a sobrinha da empregada), que eu tinha muitos bichos de pelúcia e que eu
não deveria me importar, já que eu tinha outros.
Respondi a ela dizendo que eu me importava sim, que o
Perinha me pertencia, que ela deveria ter me pedido autorização antes, e que
era o presente que eu tinha ganhado do meu pai. Disse ainda que ela não poderia
em hipótese alguma ter feito isso, já que ela não gostava que mexesse nas
coisas dela.
Depois disso, nunca mais os meus bichinhos sumiram. Minha
mãe passou a respeitar os meus objetos, não pegando-os para dar para os outros.
Mas infelizmente, o Perinha tinha ido embora para sempre...
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