quinta-feira, 17 de março de 2016

O sumiço do Perinha

Desde pequena adoro bichos de pelúcia. Mesmo depois de casada, ainda guardo eles (a maioria, alguns se perderam nas mudanças que minha família fez).
Mas teve um em especial que nunca esqueci: o Perinha, que ganhei do meu pai, quando eu tinha lá pelos 10 anos. Era uma perinha de pelúcia, verde, de talo marrom, com dois olhos. Numa das arrumações que a minha mãe sempre fazia no meu quarto, arrumações estas em que ela tirava tudo do lugar e guardava conforme ela achava que tinha que ser, ela colocou o Perinha dentro de uma caixa de papelão grande, junto com os outros ursinhos que eu tinha, em cima do guarda-roupa.
Num dia de manhã, resolvi arrumar minhas coisas no quarto, e peguei a caixa onde estavam os ursinhos. Abri-a, e tirei os ursinhos, um a um: todos estavam lá, menos o Perinha. Perguntei à empregada lá de casa se ela tinha o tinha visto, ou mexido na caixa recentemente. Ela falou que não, e foi comigo até o quarto para encontrá-lo.
Reviramos o quarto todo, e nada do Perinha aparecer. Na hora do almoço, questionei a minha mãe sobre ele, falando que ele tinha sumido. Ela disse que não tinha mexido na caixa, que não sabia dele e me mandou esquecer o sumiço dele.
Meses depois, num final de semana que passei na casa da empregada, acompanhando-a na visita à sobrinha dela que tinha dois ou três meses vida, encontro o Perinha. Ele estava na estante da sala da cunhada da empregada.
Na hora fiquei quieta, dei um falso sorriso e deixei o final de semana acabar. Quando retornei para casa, contei à minha mãe que o tinha encontrado, e acusei-a de ter dado ele, sem a minha autorização, para os outros. Ela simplesmente justificou que precisava de um presente para dar pra bebê (a sobrinha da empregada), que eu tinha muitos bichos de pelúcia e que eu não deveria me importar, já que eu tinha outros.
Respondi a ela dizendo que eu me importava sim, que o Perinha me pertencia, que ela deveria ter me pedido autorização antes, e que era o presente que eu tinha ganhado do meu pai. Disse ainda que ela não poderia em hipótese alguma ter feito isso, já que ela não gostava que mexesse nas coisas dela.
Depois disso, nunca mais os meus bichinhos sumiram. Minha mãe passou a respeitar os meus objetos, não pegando-os para dar para os outros. Mas infelizmente, o Perinha tinha ido embora para sempre...


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